RABAT, 30 de mar de 2019 às 16:00
No último compromisso do primeiro dia de sua viagem apostólica ao Marrocos, o Papa Francisco se encontrou com cerca de 80 migrantes africanos atendidos pela Cáritas Diocesana, em Rabat, e assegurou-lhes que não são um "descarte humano", mas estão "no coração da Igreja".
Assim que chegou à sede, o Santo Padre escutou o testemunho de Abena Banyomo Jackson, jovem nascido em uma pequena aldeia dos Camarões, que chegou ao Marrocos depois de atravessar vários países e passar por diferentes espaços para refugiados com a esperança de chegar à Europa para conseguir um futuro melhor e recursos para ajudar sua família.
Mas sua vida mudou quando conheceu um sacerdote, que "me acolheu em sua casa, a Igreja, e me deu um novo ânimo". Com o passar do tempo, decidiu ficar no Marrocos e, depois de regularizar sua situação, começou a trabalhar com a Cáritas para ajudar outros migrantes.
"Hoje eu quero te agradecer do fundo do meu coração, a Igreja me acolheu e cuidou de mim como uma mãe, com paz e com amor", disse ao Papa.
O Santo Padre também viu a apresentação de danças de um pequeno grupo de crianças africanas.
Falando aos migrantes, o Papa desatacou que este encontro é "ocasião para expressar a minha proximidade a todos vós e, juntamente convosco, debruçar-me sobre uma ferida, grande e grave, que continua a afligir os inícios deste século XXI".
Esta ferida, reafirmou, "brada ao céu, e por isso não queremos que a indiferença e o silêncio sejam a nossa resposta".
"E, mais ainda, quando se constata que são muitos milhões os refugiados e outros migrantes forçados que pedem a proteção internacional, sem contar as vítimas do tráfico e das novas formas de escravidão nas mãos de organizações criminosas. Ninguém pode ficar indiferente perante este sofrimento".
O Papa destacou que "muitos passos positivos foram dados em diferentes áreas, especialmente nas sociedades desenvolvidas, mas não podemos esquecer que o progresso dos nossos povos não se pode medir apenas pelo desenvolvimento tecnológico ou econômico".
"Como se torna deserta e inóspita uma cidade, quando perde a capacidade da compaixão! Uma sociedade sem coração... uma mãe estéril", expressou.
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O Santo Padre destacou aos migrantes: "Não estais marginalizados, mas no centro do coração da Igreja".
"Queridos amigos migrantes, a Igreja é sabedora das angústias que marcam o vosso caminho e sofre convosco. Ao encontrar-vos nas vossas situações tão diferenciadas, ela pretende lembrar que Deus quer vivificar a todos nós”, assinalou.
"Ela deseja estar ao vosso lado para construir convosco o que for melhor para a vossa vida. Com efeito, todo o ser humano tem direito à vida, todo o ser humano tem o direito de ter sonhos e poder encontrar o seu justo lugar na nossa ‘casa comum’! Toda a pessoa tem direito ao futuro".
O Papa também agradeceu "a todas as pessoas que estão ao serviço dos migrantes e refugiados em todo o mundo, e hoje particularmente a vós, operadores da Cáritas, que tendes a honra de manifestar o amor misericordioso de Deus a tantos nossos irmãos e irmãs em nome de toda a Igreja".
"O Senhor, que durante a sua vida terrena viveu na própria carne a angústia do exílio, abençoe a cada um de vós, vos dê a força necessária para não desanimardes e para serdes uns para os outros ‘porto seguro’ de acolhimento", concluiu.
O Santo Padre presenteou a Cáritas com uma imagem de Nossa Senhora esculpida em ônix rosa, artesanato toscano.
Confira também:
Discurso do Papa Francisco em encontro com migrantes na sede da Cáritas no Marrocos https://t.co/iYD5qp3VcA
— ACI Digital (@acidigital) 30 de março de 2019